quinta-feira, 14 de julho de 2011

História da Fonoaudiologia no Rio Grande do Sul

O surgimento da Fonoaudiologia no Rio Grande do Sul está ligado a educação especial (principalmente de surdos) e ao interesse de alguns profissionais na solução de problemas de voz (falada e cantada).
   Deve-se a fundação de associações, formação de cursos superiores,  regulamentação (1981) e  estruturação da profissão a pessoas de áreas profissionais afins (pedagogos, músicos, médicos...). Esses pioneiros, ainda que sem formação específica, atendiam a várias necessidades e buscavam ampliar seus conhecimentos para melhorar seu desempenho. Isso os levou a entrar em contato para troca de informação (promoviam simpósios, congressos, reuniões) e se unir na consolidação da nova profissão. Já estava definida a interdisciplinaridade da Fonoaudiologia!
   A primeira pessoa de que se tem notícia que exerceu a profissão  de fonoaudióloga  em Porto Alegre foi Luiza Gratzfeld (alemã, chegada no Brasil em 1905, trazida por família tradicional com objetivo de oralizar um dos filhos. Em 1911, fundou escola para crianças surdas, que funcionou até 1950 e ensinou procedimentos e técnicas até sua morte, em 1970).
   Até a existência de cursos no Estado, pessoas interessadas buscavam conhecimento principalmente no RJ, SP, EUA, França e Argentina (destacando-se  em Buenos Aires o Prof. Dr. Bernaldo de Queirós, foniatra reconhecido mundialmente que deu cursos e palestras em POA nos anos).
   
   O primeiro curso superior foi criado em Santa Maria, no ano de 1972 (quando a duração era de 4 semestres; passou para 3 anos em 1974). Deveu-se, basicamente, aos esforços de Lygia Migliore (cantora lírica) e Dr. Reinaldo Cóser (otorrinolaringologista fundador do Instituto da fala). Essa parceria formou-se após a relação médico-paciente que estabeleceram em meados da década de 60. Posteriormente, vieram IMEC (equipe estruturadora do curso coordenada por Alda Rodriguez, pessoa importante no processo de regulamentação da profissão), ULBRA, UFRGS (1991 e 1996, 2008 respectivamente).  
   Voltando a Lygia Migliore, também na década de 60 ela conheceu Mauricilla Moojen, com quem teve algumas aulas de canto e conversava sobre patologia vocal. Na época, Mauricilla (também cantora formada) fundava a Clínica da voz da fala, juntamente com médicos (psicóloga e clínico geral, além de vários otorrinolaringologistas). Por volta de 1965, o Instituto da Fala (SM) recebeu a visita de Vera Veríssimo (área: Letras, seguindo estudos em linguagem e fonética), Zulmira Martinez (área: Enfermagem, mais tarde aprofundando conhecimentos em audiologia) e do Dr.Queirós. Foi-se firmando um grupo que mais tarde formaria uma associação que impulsonaria a profissão. Esse grupo incluía ainda outras pessoas significativas nesse período de construção: Dorothy Moniz, Tininha Ribeiro, Marlene Danese, Léa Day, entre outros. O grupo que se formou aqui no Rio Grande do Sul incorporou-se à luta nacional e influenciou decisivamente, principalmente no nome da profissão (em SP  e no RJ havia uma tendência para outros nomes).
   Em 1971 foi fundada a AFARS (Associação Fonoaudiológica do RS) e em 1972 a ASFA (Associação Sul-rio-grandense de Fonoaudiologia). Essas associações se fundiram em 1973.
    No dia 1º de novembro de 2002 CRFa 7 (Conselho Regional de Fonoaudiologia, RS).
   Esse processo de buscas e conquistas se estende até os dias de hoje. Há titulações de especialista em grandes áreas do conhecimento:  voz, linguagem, audiologia e motricidade oral, e pós-graduação (mestrado relacionado/audiologia, exemplo da PUC-SP). A Fonoaudiologia acompanha as mudanças na sociedade e o profissional precisou compreender a importância dos meios familiar, cultural e social. É necessário enfrentar os novos desafios, sempre em busca de métodos apropriados aos novos tempos para auxiliar na comunicação humana, que é seu principal objeto de estudo.

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